Ocorrência de dor musculoesquelética e transtornos mentais comuns entre agentes comunitários de um distrito sanitário em Salvador, Bahia
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Resumo
FUNDAMENTO: O agente comunitário de saúde (ACS) compõe a categoria mais recente da equipe multiprofissional. Esta atividade exibe muitas contradições e torna os profissionais vulneráveis a uma série de agravos musculoesqueléticos e à saúde mental. A dor musculoesquelética (DME) é um grave problema de saúde pública e é bastante associada a fatores ocupacionais, ergonômicos e psicossociais. Os transtornos mentais comuns (TMC), por sua vez, englobam os distúrbios psiquiátricos que não atendem aos critérios diagnósticos preestabelecidos para ansiedade e depressão, entretanto, estão fortemente relacionados ao prejuízo na qualidade de vida, nas relações sociais e ocupacionais. OBJETIVO: Este trabalho se propôs a estimar a ocorrência de DME e TMC entre ACS de um distrito sanitário em Salvador, Bahia. MÉTODOS: Estudo descritivo de corte transversal envolvendo 161 ACS do distrito sanitário cabula/Beirú. O instrumento de coleta de dados, aplicado entre os meses de setembro de 2010 e março de 2011, continha questões relativas às condições sócio-demográficas, clínicas e ocupacionais, o questionário de dor de McGill adaptado e validado para a língua portuguesa e a versão curta do Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) para rastreamento de possíveis casos de TMC, com ponto de corte igual a 7. O Rapid Entire Body Assesment (REBA) foi adotado como instrumento de avaliação ergonômica da ocupação. A análise estatística dos dados foi realizada no programa Epi Info, versão 3.5.2. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia. RESULTADOS: A ocorrência de dor musculoesquelética foi de 77,4%. A queixa foi mais frequente entre os etilistas (p=0,01). A prática de atividade física exerceu efeito protetor (p=0,05). Os segmentos corporais mais acometidos foram coluna lombar (53,1%) e joelhos (44,2%). A dor lombar apresentou-se significativamente maior entre as mulheres. A ocorrência de possíveis casos de TMC na amostra de ACS foi de 48,4%. Os TMC estiveram significativamente associados ao etilismo (p=0,03) e ao sexo feminino (p=0,04), ao relato de DM intensa (p=0,00005) e a uma maior quantidade de pontos dolorosos (p=0,0007) e de descritores assinalados no questionário de dor de McGill (p=0,035). A atividade de pesagem de crianças foi avaliada através do REBA. A pontuação obtida (10/15) indicou alto risco para lesão do sistema musculoesquelético, sugerindo a necessidade de intervenção no posto de trabalho, em breve. CONCLUSÕES: As ocorrências obtidas neste estudo foram elevadas, algumas vezes superiores a outros dados nacionais. Os ACS estão sujeitos a diversos acometimentos musculoesqueléticos que produzem dor, bem como a TMC. Ações voltadas para a melhoria das condições de trabalho dos ACS poderão influenciar na qualidade da assistência promovida pelos mesmos. A escassez de trabalhos voltados para esta população ressalta a necessidade de estudos sobre a classe profissional, estratégica para a nova configuração da política de saúde brasileira.