Nos gritamos escreviventes: A literatura, a poesia e a escrita literária como aliadas na construção do ser político
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Resumo
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) "Nos gritamos escreviventes: a literatura, a poesia e a escrita literária como aliadas na construção do ser político", é resultado das experiências vividas por Emanuelle Santos Matias e Lícia Raniele Ribeiro Martins Lino enquanto mulheres negras, condição que, sozinha, tenta determinar seus lugares em uma sociedade capitalista, essencialmente racista. Diante disso, a vida exigiu formas de resistirem ao jugo dessa estrutura violenta. É neste sentido que as estudantes encontraram na literatura, na poesia e na escrita literária essa rede de obstinação, ao expressarem pensamentos e vivências, ao se enxergarem em outras mulheres negras, mesmo as literárias, e poder sê-las na outridade. Partindo disso, o trabalho propôs responder como a literatura, a poesia e a escrita literária podem ser aliadas na construção de seres políticos, uma vez que esses três elementos agem pela real força transformadora, a força coletiva ― mesmo quando a leitura e a escrita partem de necessidades individuais. Tendo em mente este objetivo principal, o trabalho buscou construir uma memória coletiva através do documentário “Escrever- ler-ser-escrever: um movimento em quatro partes” (MATIA; LINO, 2022) a partir das experiências dentro do Projeto de Extensão Literatura e Vida nos anos de 2020 e 2021, de oficinas literárias baseadas nas obras de Conceição Evaristo e entrevistas com professores, poetas e estudantes dos cursos de pedagogia e jornalismo, sempre relacionando essas experiências aos conceitos fundantes deste trabalho: coautoria (LINS, 2020), outridade (PESSOA, 1973, apud RAMALHO, 2008), alteridade (RIBEIRO, 2005; RAMALHO, 2008; LINS, 2020) e Escrevivência (EVARISTO, 2020). Os participantes do documentário, ao abrirem suas percepções sobre o ato de ler, de escrever e de compartilhar, demonstraram um caminho que a linguagem poética e literária pode trilhar, o da descrição da realidade, que atinge a consciência e excita transformações. Esta é a força impulsionadora deste trabalho, mesmo quando as palavras lidas vieram do poeta fingidor, do inventador de memórias, do criador de mentiras. A força de perceber o mundo pela janela da arte, que falando de um, fala de muitos.