Gurgalha: um coronel e seus dependentes no Sertão baiano (Morro do Chapéu, século XIX)
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Resumo
O coronel Quintino Soares da Rocha e dona Umbelina Adelaide de Miranda formaram, entre 1834 e 1880, o casal mais rico e poderoso de Nossa Senhora da Graça do Morro do Chapéu, Chapada Diamantina, Bahia. Eram senhores de muitas terras (sítios, fazendas, posses) dentro e fora da província, gados (vacum e cavalar) e gente. Até 1880, ano da morte do coronel, o casal possuíra mais de cem escravos. Muitos nasceram em suas propriedades, outros chegaram em seu poder através de heranças, dote e cobrança de hipotecas. Além de escravos, tivera sob sua dominação um número expressivo de libertos, homens livros, pobres ou não, e membros de suas famílias. Os adversários do casal entendiam que ele, mas especialmente o coronel Quintino, havia formado um séquito numeroso e fiel de subalternos e nomearam esse domínio de Casa Gurgalha. A expressão designativa de poder e pertencimento, derivava da sua principal e mais simbólica propriedade, a Fazenda Gurgalha. Neste livro sigo a trajetória do casal Soares da Rocha e de seus dependentes, buscando compreender como esses se aproveitaram dos laços de subalternidade para obter benefícios para si e seus parentes e familiares. Usando noções do paternalismo thompsiniano e dos novos estudos sobre a escravidão no Brasil, defendo que as relações entre senhores e subalternos eram construídas levando em conta a confiança, a proteção e sentimentos afetivos, muitas vezes, difíceis de mensurar.