Ao longo da história, muitos foram os processos que contribuíram para desenvolver e efetivar a moral judaico-cristã em nossa sociedade baiana. Inúmeras vezes essa moral interferia diretamente nas ações dos sujeitos, chegando ao ponto de podar os desejos sexuais e práticas homoeróticas dos homens que habitavam a Bahia setecentista, propagando assim uma pedagogia do medo. Seja no meio social, religioso ou acadêmico, os assuntos voltados para o sexo e sexualidade, por muito tempo, foram marginalizados, descreditados e até mesmo condicionados ao esquecimento. Esta pesquisa traz narrativas de personagens que foram denunciados ao Tribunal do Santo Ofício português pelo crime de sodomia. Todavia, nem todos os casos apresentados adentram nas intimidades sexuais dessas pessoas. Entretanto, traçamos uma “teia” de homens residentes em diversas localidades do Arcebispado da Bahia, durante o século XVIII, que foram acusados de cometer o mesmo crime. Logo, entendemos que a transgressão da moral cristã, através dos atos cometidos por esses indivíduos, também se fez presente em solo baiano e estava pautada para além da promiscuidade presente nos escritos da Bíblia Sagrada ou pela pedagogia do medo da Igreja Católica.