O presente trabalho objetiva discutir algumas das charges políticas elaboradas pelo caricaturista Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947), mais conhecido como Belmonte, produzidas entre os anos de 1935 e 1943, destacando a relevância dos materiais em apreço como expressão de crítica social e política de acontecimentos e processos registrados na primeira metade do século XX, com especial atenção para os eventos relacionados à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Assim, a pesquisa investiga algumas das estratégias utilizadas pelo artista no uso do humor gráfico para subverter as impressões dos leitores acerca de personagens e símbolos de poder, representando estadistas como Adolf Hitler (1899-1945) e Neville Chamberlain (1869-1940) de forma satírica, expondo as suas fragilidades e contradições. Ademais, o trabalho problematiza o modo como Belmonte abordou as relações de gênero, utilizando-se de estereótipos do feminino nas suas ilustrações, na perspectiva da crítica às lideranças e às estruturas políticas da época. A pesquisa tomou como corpus as ilustrações presentes na obra Caricatura dos tempos (1948), um compilado de desenhos de Belmonte, no qual o artista tematizou fatos ocorridos na arena das relações internacionais entre os anos de 1936 e 1946 (a exemplo da marcha de agressões do nazismo, a política de apaziguamento britânica e a neutralidade inicial dos EUA no conflito bélico). Finalmente, o trabalho evidencia a relevância da charge como registro histórico e suporte para interpretação de contextos históricos diversos, além de enfatizar a importância do humor gráfico, abordado como instrumento de reflexão e denúncia, capaz de provocar risos e, simultaneamente, ensejar novos olhares acerca de questões sociais e políticas de um determinado período.