Os trabalhos aqui reunidos se referem à atenção que o autor dos mesmos tem dedicado à produção musical de negros, particularmente, na cidade de Salvador. Portanto, a pergunta “O que fazer com o cabelo de Marly?” enfatiza, por um lado, um diferencial de gênero nas relações raciais, mas, por outro lado, considerando a força simbólica do cabelo crespo do negro, sustenta uma pergunta monumental que o povo negro se fez e se faz após a abolição da escravatura e advento de uma potencial sociedade moderna, autodefinida como igualitária e sem restrições étnicas e raciais: o que fazer com o cabelo, mas também o que fazer com o corpo, a consciência, a história e a condição social negra em um país que convoca ao mesmo tempo em que interdita a cidadania e condição de sujeito negro.