Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha: a escrita da história nos poemas Pau-Brasil
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Resumo
O presente trabalho discute as relações entre literatura e história a partir dos poemas do livro Pau-Brasil de Oswald de Andrade. Buscamos identificar como o poeta, em sua escrita da história do Brasil, rasura e desautoriza a homogeneidade e unidade das narrativas oficiais como discursos representativos da nação. Para isso, destacamos duas noções pelas quais os projetos de nação, romântico e realista/naturalista, faziam funcionar a ficção de uma identidade harmônica. São elas a origem e o progresso. A primeira operava a invenção de um começo mítico, que transformava a história numa explicação metafísica. A segunda caracteriza a história como linear e evolutiva, que condenava o diferente do europeu, ao atraso e a violência. Ambos são contrapostos a uma dialética antropofágica, que consiste na maneira peculiar com que Oswald de Andrade concebeu a historia como processo cujo desenvolvimento não nos leva ao futuro, mas a um passado, que não é mítico e sim material: o Matriarcado de pindorama. Em seguida, mostramos como, através da descontinuidade, da desconstrução e do descentramento das narrativas da história oficial, Oswald de Andrade desrecalca do enredo nacional, o período colonial, os nativos, a terra, para evidenciar uma representação plural da nação brasileira, que, em detrimento da homogeneidade fictícia dos projetos anteriores, põe a identidade da nação como significação obtida no jogo das diferenças. Para empreender as discussões propostas, dialogamos com as concepções de história de Michel Foucault (2008), Jaques Derrida (1971), e sua proposta de desconstrução, ainda, Nietzsche (2005), com suas considerações intempestivas sobre a história, entre outros autores