Esta pesquisa analisa o processo de construção das tramas históricas tecidas pelas mulheres quilombolas do território de Lagoa Grande, nas décadas de 1970-2000- período significativo de mobilização política e social dessas/es sujeitas/os, reconhecendo seus saberes e fazeres, a partir do diálogo com suas memórias. As investigações desdobram-se em três pontos: o primeiro debruça-se sobre a territorialidade, trabalho comunitário e o protagonismo feminino; o segundo trata do processo de criação do Projeto Farmácia Viva e Seca e os imbricamentos com a medicina ancestral das quilombolas; o terceiro apresenta a trajetória de vida de Dona Maria Cruz dos Santos, destacando suas práticas de cuidado e seus caminhos na arte de partejar e as repercussões de seu legado na vida de sua filha e de sua neta. O trabalho fundamenta-se na teoria do feminismo negro, baseando-nos nas ideias de intelectuais como Bel Hooks (2021), Grada Kilomba (2019), Lélia González (2020) e Maria Beatriz Nascimento (2018, 2021, 2022).