Estudos sobre o uso de agrotóxicos no município de Crisópolis – Bahia: utilização, comercialização e possíveis impactos em biomarcadores

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2022-02-08
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Resumo

Introdução: A ampla utilização de agrotóxicos no Brasil acende o alerta acerca da exposição ocupacional a esses produtos por trabalhadores rurais. Um cenário preocupante de utilização desses produtos de forma inadequada é retratado em estudos anteriores no município de Crisópolis-BA, evidenciando a necessidade de investigar o impacto dessa situação na saúde dessa população. Objetivos: caracterizar a exposição a agrotóxicos por trabalhadores rurais do município de Crisópolis-BA, suas possíveis implicações na saúde dessa população e os possíveis fatores determinantes para tal. Metodologia: três estudos transversais foram conduzidos. No primeiro estudo, um questionário semiestruturado foi aplicado a indivíduos residentes no município, sendo 70 trabalhadores rurais em contato com agrotóxicos (grupo exposto) e 70 trabalhadores da zona urbana sem contato laboral com essas substâncias (controle). No segundo estudo, partiu-se para o doseamento de hormônios sexuais (testosterona total: LH e FSH) e atividade da acetilcolinesterase em 60 sujeitos do primeiro estudo (30 expostos / 30 controle). Estudo três: aplicação de questionário às empresas de comercialização de produtos agrotóxicos do município. Resultados: No primeiro estudo, o grupo exposto apresentou nível de escolaridade predominante no ensino fundamental incompleto (37,1% dos participantes), enquanto o grupo controle em nível superior completo (55,7%). Os agrotóxicos mais utilizados foram as iscas formicidas granuladas (83%), seguido da associação de 2,4-D e picloram (78,5%), produto classe tóxica I (extremamente tóxico). Quanto a fatores de segurança, 76% dos entrevistados não recebiam orientações no momento da aquisição de agrotóxicos, 77% não leem a bula dos produtos e 74% armazenam esses produtos em locais inapropriados. Nenhum dos participantes utiliza o receituário agrônomo como parâmetro de dosagem para aplicação, tampouco utiliza EPIs de forma adequada e apenas 16% descartavam da maneira correta as embalagens dos produtos. No segundo estudo, observou-se diferença estatística entre os valores encontrados nos grupos exposto e controle para a AChE (p <0.01), LH (p 0.03) e testosterona (p 0.01), os dois últimos dados sugerem que tais alterações pode vir a afetar a saúde reprodutiva dessa população no futuro se nada for feito. Além disso, a redução da atividade da enzima acetilcolinesterase eritrocitária desses indivíduos, corroborando vários sinais e sintomas autorreferidos por esses trabalhadores rurais, dá fortes indícios de intoxicação por exposição laboral a agrotóxicos. O terceiro estudo desmostra tendência de vendas da associação dos ativos 2,4-D e picloram, extremamente tóxica, sendo motivo de preocupação. Verificou-se ainda a falta de conhecimento dos vendedores acerca do uso seguro dos agrotóxicos, o que implica em maior risco de exposição do usuário e demais envolvidos. Considerações finais: Os dados demonstram uso inadequado de agrotóxicos e alterações nos níveis de hormônios de indivíduos como consequências da exposição inadequada a esses produtos. Faz-se necessária fiscalização e intervenção junto à comunidade e aos estabelecimentos comerciais para evitar exposição da população por esses produtos.


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