Este estudo situa-se no campo da docência universitária, especialmente, no contexto da formação do profissional de saúde. Tal formação tem ganhado destaque em decorrência da adoção de diversas políticas de educação e saúde formuladas nas últimas décadas, impulsionando ações fundamentais no processo de ensino-aprendizagem, dentre as quais a parceria entre instituições de ensino superior e a comunidade, contemplando princípios fundamentais da área de atenção básica, como reflexão crítica da realidade social, articulação teoria e prática e integralidade. Na condução dessas ações, professores e estudantes, em conjunto com a comunidade, buscam desenvolver propostas interdisciplinares com o intento de assegurar a saúde integral do ser humano. O componente curricular Programa de Integração Academia, Serviço e Comunidade dos cursos de Saúde da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), foco deste estudo, se insere nesse contexto. Assim, considerando o caráter inovador desse componente curricular e os desafios que ele gera na perspectiva de transformação das práticas docentes historicamente construídas na área de saúde, este estudo buscou compreender a contribuição da experiência de ensino no Programa de Integração Academia, Serviço e Comunidade (PIASC) para o desenvolvimento profissional docente dos responsáveis por este componente curricular. Adotou como questões norteadoras: Que desafios os participantes da pesquisa reconhecem estar presentes na experiência de docência no PIASC? Que estratégias formativas os docentes participantes da pesquisa valorizam frente aos desafios do PIASC? A pesquisa de natureza qualitativa e do tipo estudo de caso adotou como estratégia de coleta dos dados a entrevista semiestruturada. O referencial teórico contemplou os conceitos de docência universitária e desenvolvimento profissional docente se apoiando em diversos autores, como Soares e Cunha (2010), Masetto (2003, 2005, 2012), Tardif (2014), Marcelo Garcia (1999, 2009), Day (2001) e Cunha (1997, 2005, 2006, 2014, 2015). Dentre os principais resultados destacam-se um descompasso entre a concepção formativa do PIASC e a sua implementação na prática pelo desconhecimento da proposta do PIASC pelos diversos níveis da gestão da UNEB, assim como diversas limitações de natureza administrativa e curricular, acompanhadas pela falta de integração entre os docentes do PIASC e os demais do Departamento; pela discrepância entre a perspectiva de formar profissionais de saúde críticos, reflexivos e comprometidos com a atenção básica e o ensino transmissivo que dissocia teoria e prática; e ainda indica a existência do pouco compromisso dos gestores da saúde municipal como corresponsáveis na formação de futuros profissionais de saúde. Por fim, os encontros dos docentes, que poderiam assumir a configuração de atividade formativa frente ao componente PIASC, não vão nessa direção, pois, em geral, se restringem a questões pragmáticas, não problematizando os aspectos pedagógicos. Dessa forma, é possível afirmar, em resposta ao objetivo da pesquisa, que a reflexão e a investigação, com os pares, sobre a própria prática docente, é pouco compreendida como potencializadora de sua formação pedagógica, portanto, como espaço privilegiado de desenvolvimento profissional docente.