Al Berto, um anjo incandescente que viaja sob as fases da lua: um estudo sobre Lunário e o anjo mudo
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Resumo
Nesta dissertação, investiga-se a literatura do escritor lusitano Al Berto, pseudônimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares (1948-1997), a partir da análise de duas obras, Lunário (1988) e O anjo mudo (1993). Busca-se entendê-las sob a perspectiva do que seria a maior paixão do autor – escrever e viajar. Os dois livros explicitam a concepção da escrita de Al Berto, construída por meio de uma vida errante, marcada por viagens sem destinos certos, determinadas pelo acaso e possíveis encontros ou desencontros. As suas anotações de viagens por pequenas cidades europeias, quase sempre sem morada fixa, constituemse em pequenos diários que compõem a prosa poética de Al Berto – dispersa em revistas, catálogos de exposições de pintura e fotografia, além de performances do autor declamando poemas – compilada em O anjo mudo. Em Lunário, de modo fragmentado, Al Berto narra viagens de Beno, um personagem-narrador, cuja trajetória aproxima-se de sua própria experiência de homem nômade, uma espécie de alter ego do autor. A literatura de Al Berto explicita um sujeito transgressor de prática e atitude radicais, que não se limita a um único campo, relacionando-se com diversas artes, além de se expor como objeto da sua própria ficção, ao criar uma espécie de autobiografia poética nessas pequenas crônicas de viagem. Como fundamentação teórica acerca da escrita autobiográfica de Al Berto, traça-se um diálogo entre Arfuch (2010, 2013), Bourdieu (2005), Foucault (1983), Freitas (2004), Sibilia (2008), entre outros, engendrando discussões sobre um eu errante autobiografado no espaço-tempo contemporâneo.