Tuberculose Ativa em Pacientes com Doença Inflamatória Intestinal sob Tratamento, em uma Região Endêmica do Nordeste do Brasil, na América Latina

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2020-11-28
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Resumo

Introdução: A doença inflamatória intestinal (DII) tem maior incidência e prevalência nos países desenvolvidos. A terapia com o anti fator de necrose tumoral alfa (anti-TNF α) para o tratamento de doenças inflamatórias imunomediadas levou a um melhor prognóstico e qualidade de vida para esses pacientes. A tuberculose é uma doença infecciosa muito comum no Brasil, sendo considerada um grave problema de saúde pública. Devido à provável associação entre a terapia anti-TNFα e o desenvolvimento de TB ativa, alguns estudos foram realizados com o intuito de avaliar essa associação. No entanto, estudos no Brasil e na América Latina sobre o desenvolvimento de TB ativa em pacientes com DII em tratamento são escassos. Objetivo: Avaliar o risco de tuberculose ativa e possíveis variáveis associadas em pacientes com DII sob tratamento em área endêmica do nordeste do Brasil, na América Latina. Materiais e Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, incluindo pacientes com DII acompanhados em um centro de referência em Salvador, Bahia. Um questionário padrão, estruturado, foi preenchido com revisão de prontuários e entrevista, incluindo variáveis demográficas (sexo, idade); tipo de DII, aspectos clínicos da DII; história de TB ativa durante o tratamento; características e evolução da TB ativa; triagem e resultados iniciais e, quanto tempo após o início do anti-TNF α, a TB ativa foi desenvolvida. Resultados: Foram avaliados 301 pacientes com DII, 186 (61,8%) com retocolite ulcerativa e 115 (38,2%) com doença de Crohn. A média de idade (DP) foi de 45,8 (± 15,0) anos. Houve alta frequência de mulheres (62,5%) e de área urbana (82,7%). A terapia com imunossupressores, especificamente azatioprina, anti-TNF α e a combinação desses dois fármacos, associou-se a um maior risco de incidência de tuberculose ativa, com risco relativo de 5,85 (1,20 - 28,48); 3,93 (1,01 - 15,29) e 9,03 (2,38 - 34,28), respectivamente. A análise multivariada reforçou, consistentemente, que a terapia com bloqueadores do TNF α e com azatioprina aumentou significativamente o risco relativo de desenvolver TB ativa, em comparação com outros tratamentos. Quatro modelos multivariáveis foram avaliados e, em todos, o uso de bloqueadores do TNF α isoladamente ou em combinação com azatioprina foram fatores de risco importantes para a incidência de tuberculose ativa. De fato, quando ajustado para sexo, idade, tipo de DII e TB latente, o anti-TNF α com azatioprina aumentou, consistentemente, o risco relativo para 17,8 vezes mais que o tratamento convencional (IC95%: 5,91 - 53,67; p <0,001). Considerações Finais: o tratamento com anti-TNF α, azatioprina e a associação desses dois medicamentos aumentou, significativamente, o risco de TB ativa em pacientes com DII em uma área endêmica do nordeste do Brasil, na América Latina. Este risco aumentou quando o anti-TNF α foi combinado com a azatioprina. A TB tardia, diagnosticada 3 meses após o início do anti-TNF α, foi a mais frequente, sugerindo uma nova infecção por TB.


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Palavras-chave
doença inflamatória intestinal, doença de Crohn, retocolite ulcerativa, anti TNF, tuberculose
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