O ano 1979 foi marco de significativas mudanças para o cenário político, social e religioso da cidade de Jacobina. A chegada do Padre austríaco José Hehenberge nos possibilitou compreender diferentes formas de tecer política naquela sociedade, inaugurada por sujeitos sem vozes e vez. O processo movido na Vara Crime do Poder Judicial a partir de um Inquérito Policial contendo queixas-crime e pedidos de habeas corpus na Comarca de Jacobina possibilitou identificar uma rede de conflitos envolvendo o religioso e trabalhadores rurais. O Inquérito Policial anexo ao processo quando da investigação do atentado a bomba sofrido pelas residências de religiosos, nos possibilitou realizar algumas leituras sobre os discursos em que se ancoravam os depoimentos de membros das elites políticas locais nas acusações de que Padre José estaria utilizando o altar da Igreja para fazer política, promover a desordem colocando assim a paz citadina deixada pelo pároco que o antecedeu em risco. Todo esse processo representou para as elites dirigentes fossem elas representantes políticos, comerciais, fazendeiros, madames da alta sociedade e até mesmo para o clero conservador um risco para a ordem vigente. Nesse cenário, os recuos e avanços no tempo nos permitiram compreender que as configurações desse movimento inaugurado por Padre José também se encontram dentro de uma perspectiva macro, a saber, o processo de mudanças da Igreja Católica empreendida a partir dos Concílios do Vaticano II (1962), Medellín (1968) e Puebla (1979).