Este estudo situa-se no campo da docência universitária com foco no processo de ensino-aprendizagem na formação de profissionais. Assumiu como objetivo compreender a representação da docência universitária de professores formadores de profissionais da contabilidade, tomando como questões de pesquisa: Como os participantes representam os dilemas e desafios do profissional da contabilidade na contemporaneidade? Como os docentes, participantes da pesquisa, concebem o ensino e a aprendizagem na perspectiva de formar profissionais da contabilidade? A metodologia adotada foi de natureza qualitativa, sob a ótica das representações sociais, que foram acessadas mediante os discursos obtidos por meio da coleta dos dados realizada a partir de entrevistas semiestruturadas e de narrativas biográficas e, tratamento dos dados, através da análise de conteúdo do tipo temática. Dentre os resultados, destacam-se como elementos das representações sociais o perfil de profissional da contabilidade autônomo, com múltiplas competências, saberes, atitudes e valores, em contraposição ao perfil de profissional restrito, historicamente construído, executor de tarefas prescritas e rotineiras, pouco capaz de dar conta dos desafios da contemporaneidade. Também se evidenciou, dentre os elementos de representações, contradições quanto à compreensão da ética profissional que se mostra centrada na reprodução do código de ética, externa ao sujeito, pouco contemplando a problematização e a reflexão crítica. Essa visão dos participantes não se coaduna com a visão do perfil de profissional autônomo apresentada anteriormente e se configura como um elemento periférico, de natureza mais cognitiva, incapaz de atingir o núcleo central das suas representações, construindo atitudes que produzam mudanças mais efetivas nas práticas docentes. Ainda dentre os elementos das representações relacionados ao processo formativo destacaram-se a centralidade da transmissão de teorias, especialmente, na anterioridade da teoria em relação à prática; na metodologia de ensino essencialmente expositiva e; na prática adotada como espaço de aplicação da teoria. Centralidade ainda revelada na estratégia da pesquisa assumida numa perspectiva instrumental, como busca de mais teoria para compreender a teoria dada, sem explorar as potencialidades dos caminhos trilhados pela investigação para o desenvolvimento de competências cognitivas complexas nos estudantes. Bem como, na formação ética predominantemente cognitivista, centrada em informações factuais, legais e conceituais de maneira prescritiva. Visão que se expressa também nas práticas de avaliação da aprendizagem, numa lógica de natureza instrumental, que pouco oportuniza aprendizagens significativas e o desenvolvimento de competências, atitudes e valores, distante, portanto, de uma perspectiva construtivista e de formação para autonomia profissional. Representações que podem ser compreendidas a partir do reflexo de uma sociedade autoritária, contraditória e desigual, de uma trajetória escolar e universitária, vivenciada numa perspectiva transmissiva e reproducionista das condições de ensino. Por fim, essa pesquisa evidenciou também possibilidades de mudanças dos participantes nas suas práticas docentes, bem como a necessidade de um processo formativo com vistas ao desenvolvimento pessoal e profissional docente, que precisa ser assumido pela universidade.