Experiências Formativas e Laborais de Jovens Aprendizes de Salvador: um Estudo de Caso

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2019-12-12
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Resumo

A partir dos anos de 1980, vivencia-se profundas mudanças no mundo do trabalho. A nova era da acumulação flexível, ao romper com o padrão fordista, gerou outro modo de trabalho e de vida pautado na flexibilização e na precarização do trabalho, instaurando-se novos tempos. Estudos apontam a população de 15 a 24 anos como sendo o segmento etário mais afetado negativamente pelo processo de flexibilização das relações de emprego, pelo desemprego, pela precarização do trabalho e pela violência. A preocupação com a empregabilidade se torna o foco central das políticas públicas voltadas para a juventude no Brasil. A política de aprendizagem profissional passa a ser uma das principais alternativas no quadro das políticas públicas de juventude, constituindo em eixo fundamental da política de promoção ao ingresso de adolescentes e jovens no mercado de trabalho formal de forma qualificada e protegida. Nos últimos anos tem crescido o número de jovens inseridos no mercado de trabalho, na condição de jovem aprendiz, constituindo-se numa das principais portas de acesso ao primeiro emprego de jovens no Brasil. Essa tese tem por objetivo compreender como os jovens aprendizes vivenciam a experiência formativa e laboral no Programa Jovem Aprendiz, no município de Salvador, de forma a refletir que tipo de formação vem sendo ofertada a esses jovens, se esta constitui uma formação na perspectiva de uma educação emancipadora ou de sujeição à lógica do mercado de trabalho capitalista. Compreende-se que apesar de a educação, na sociedade capitalista, ter a reprodução do capital como meta central de seu desenvolvimento, predominando a submissão à sua lógica, dada a contradição entre capital e trabalho, abre-se uma possibilidade real para experiências educativas que se oponham à hegemonia do capital. A tese central desse estudo é de que a Lei da Aprendizagem, ao possibilitar que entidades socioassistenciais com uma trajetória de luta pelos direitos das crianças e adolescentes possam atuar na formação profissional de jovens aprendizes, abriu uma fresta de luz para pensar uma educação para além do capital. Essa investigação se delineia nos marcos da pesquisa qualitativa, na perspectiva da pesquisa crítica e se constitui em um estudo de caso. A pesquisa, realizada na Associação Ação Mosteiro de Salvador (AASMOS), uma das entidades formadoras de Salvador que atende jovens do Subúrbio Ferroviário, utilizou-se da observação participante, acompanhando duas turmas de formação durante o período de 2017-2019, e de entrevistas narrativas com quatorze jovens aprendizes, além de conversas informais com alguns jovens egressos do Programa. Uma das conclusões que esse estudo chega é de que algumas instituições sociais que tem ofertado formação profissional dos novos trabalhadores, a exemplo da experiência aqui estudada, tem buscado desenvolver práticas educativas ancoradas nos princípios de uma educação emancipadora. Se estas não podem romper totalmente com uma formação para o capital, podem ao menos representar a possibilidade de uma educação que vá além de uma mera formação instrumental para treinar trabalhadores para o mercado de trabalho.


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Palavras-chave
Juventude, Educação Emancipadora, Narrativas (auto)biográficas
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