Memórias de Idosas da EJA: Práticas de Letramento e (Re)Invenção de Identidades
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Resumo
Esta tese apresenta as práticas de letramento de dez mulheres, com idades entre 61 e 80 anos, (ex-)estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), de escolas públicas da cidade de Salvador, Bahia. O objetivo foi contribuir para que o ensino nas salas de aula da EJA promova práticas de letramento que auxiliem os(as) estudantes idosos(as) nos seus projetos de (re)invenção. Especificamente, intentou: traçar o perfil de identidade das mulheres; registrar os modos pelos quais essas senhoras experienciam a velhice; analisar as práticas de letramento presentes nas memórias. Em outras palavras, verificar os usos, significados e sentidos das práticas de letramento para as (ex-)estudantes idosas da EJA. Esta tese tomou como ponto de partida o pensamento freireano, associado ao sociointeracionismo bakhtiniano; mas também se apropriou de aspectos da História Cultural e, principalmente, da Teoria Social do Letramento. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, com a metodologia de base etnográfica, pautada na Abordagem (Auto)Biográfica, que se caracterizou pela observação e pelo cruzamento das narrativas das histórias de vida, registradas a partir de ateliês biográficos. Esses dispositivos são capazes de desencadear narrativas orais e escritas, ao colocar as senhoras em situações favoráveis à evocação de suas memórias. Os resultados revelaram as diferentes práticas de letramento apropriadas por essas mulheres no cotidiano, em diferentes fases da vida, ao interagir com textos e com outros sujeitos. Em adição, descortinaram particularidades do processo histórico-social opressivo e as táticas utilizadas por essas senhoras para subverter as suas condições, associadas, sobretudo, ao uso da leitura e da escrita, aqui denominadas de práticas de letramento de (re)invenção.