O cuidado às pessoas em sofrimento psíquico e suas repercussões na família

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2022-03-25
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Resumo

Introdução: O cuidado à pessoa em sofrimento psíquico pode ser desafiador para a família, que foi afastada desse convívio durante muito tempo, já que o manicômio era o lugar destinado àqueles considerados “loucos”. Com a reforma psiquiátrica, o modelo da assistência às pessoas em sofrimento psíquico foi modificado, o cuidado passou a ser prestado em serviços extra hospitalares e comunitários e a família tornou-se fundamental tanto para efetividade das intervenções quanto para a reabilitação e a reinserção psicossocial destas pessoas. Dentre estes serviços, destacam-se os CAPS que são serviços de saúde destinados a atender diariamente pessoas em sofrimento psíquico no território. Objetivo: Compreender as repercussões do cuidado à pessoa em sofrimento psíquico na vida do familiar. Método: Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva de abordagem mista e, em relação a atribuição de peso, a prioridade foi concedida a abordagem qualitativa. O público alvo foram quinze familiares de pessoas em sofrimento psíquico grave que frequentavam o CAPS III Sede de Camaçari, Bahia. Foram definidos como critérios de inclusão: ser cuidador da pessoa com em sofrimento psíquico e ser maior de 18 anos. E como critérios de exclusão o cuidador familiar que recebe alguma remuneração pelo cuidado prestado. A coleta de dados ocorreu através de entrevistas semiestruturada, audiogravadas e transcritas na íntegra e posteriormente pela aplicação da escala Zarit Burden Interview (ZBI), composta por 22 itens relacionados aos seguintes campos: saúde, situação financeira, emocional, bem-estar, relações pessoais e vida social e pessoal do participante. Os resultados foram organizados a partir da Técnica de Análise de Conteúdo, proposto por Bardin. Resultados: Os resultados foram apresentados em dois artigos. No primeiro artigo intitulado “Tipologias de cuidados da família para com a pessoa em sofrimento psíquico” teve como resultados a caracterização do perfil dos familiares cuidadores como mulheres, negras e mães, residentes do mesmo domicílio que a pessoa com sofrimento psíquico. Foram identificados como principais tipos de cuidados: 1) cuidado de vigilância; 2) cuidado parental; 3) cuidado superprotetor; 4) cuidado permissivo. O segundo artigo “O cuidado às pessoas em sofrimento psíquico e suas repercussões na família” possibilitou estruturar os resultados a partir de três contextos, a saber: 1) Contexto sociodemográfico do cuidador; 2) Contexto circunstancial do cuidador e 3) Contexto da pessoa com sofrimento psíquico, além de apresentar os níveis de sobrecarga objetiva e subjetiva com respectivas repercussões dos cuidados na vida dos familiares. Conclusão: Conclui-se que a o cuidado às pessoas em sofrimento psíquico tem sido realizado predominantemente por mulheres negras, refletindo as desigualdades de gênero e raça ocupando esse lugar. A família cuida das pessoas em sofrimento psíquico de acordo com suas possibilidades e fatores como a falta de conhecimento, estigmas e preconceitos interferem negativamente no processo de reabilitação e autonomia do sujeito em sofrimento psíquico. O processo de cuidar envolve sentimentos e expectativas ambivalentes, níveis diferenciados de sobrecarga, necessidade de suporte social e do Estado. Para que a desinstitucionalização seja efetiva, torna-se relevante a compreensão de que o cuidado em saúde mental permeia a intersetorialidade, não sendo exclusivo dos CAPS.


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Palavras-chave
Família, Sofrimento Psíquico, Cuidado
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