EU ERA A CARNE, AGORA SOU A PRÓPRIA NAVALHA: ESCREVIVENDO A HERMENÊUTICA JURÍDICA A PARTIR DO RAP NEGRO DRAMA

Carregando...
Imagem de Miniatura
Data
2022
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo

Minha experiência social como homem negro, de origem pobre, somada à experiência coletiva daquelas pessoas que compartilham comigo as mesmas características e vivências, me permitem interpretar o mundo a partir de outras lentes, me permitem fazer uma leitura do Direito que não a realizada tradicionalmente. O presente trabalho tem o escopo de analisar e descrever de que modo minhas escrevivências a partir do Rap Negro Drama, enquanto jurista negro, podem contribuir para uma Hermenêutica Jurídica Negra, articulando com perspectivas teóricas fundamentais. Para tanto, desenvolvo nesta pesquisa, o método do storytelling, uma das premissas da Teoria Crítica da Raça, aliada à perspectiva de escrevivência de Conceição Evaristo, articulando princípios jurídicos, perspectivas hermenêuticas e as minhas narrativas pessoais, como membro de um grupo racial e enquanto ouvinte do Rap, como forma de desvelamento do sentido das normas jurídicas, reconhecendo o meu lugar de fala na hermenêutica jurídica, o meu lócus social, constituído por discriminações sistemáticas, institucionais, intergeracionais e estruturais. A hermenêutica jurídica tradicional é pautada na suposta universalidade jurídica e neutralidade racial, que retroalimenta os interesses da branquitude, ao tomar para si, por si e em si, o monopólio de interpretação jurídica, representando o paradigma de humanidade, o modelo de sujeito de direito, a norma, a normalidade e a segurança do sujeito universal e universalizante. Por conseguinte, a relevância da investigação se justifica em virtude da necessidade de se construir a ideia e o ideal de justiça e de um Direito Achado e Encontrado no Rap, na Rua, na Negritude. A virada hermenêutica/linguística/epistemológica é elementar para construção crítica de um projeto político-jurídico de efetivação de direitos fundamentais, na luta por justiça racial e cognitiva, da pluriversalização do Direito, por meio de outro horizonte jurídico, histórico, filosófico, ontológico, interseccional, orientado por uma Crítica da Razão Negra, como conceito e lente para lermos o mundo. Portanto, o rolê epistemológico deste trabalho vem questionar o “Penso, logo Existo” cartesiano, e transformar num Penso, Logo Rimo, a partir de um saber, de corpo e mente, enquanto potência elucidativa, epistêmica e hermenêutica, de um jurista negro que escreve uma concepção de Direito da Ponte Pra Cá do positivismo jurídico.


Descrição
Palavras-chave
escrevivências, storytelling, Rap Negro Drama, jurista negro, Hermenêutica Jurídica Negra
Citação